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Um levantamento realizado pelos pesquisadores Sabine Righetti, da Unicamp, e Estêvão Gamba, da Unifesp, indicou que ao menos 26 mil pessoas podem ter recebido doses vencidas da vacina AstraZeneca contra a Covid-19. Do total, 282 são moradores de 21 cidades das regiões do Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e Noroeste de MG. As prefeituras citadas negam o problema e atribuem a situação a erros de digitação no sistema – veja o que cada uma falou ao fim da reportagem.
A Secretaria de Estado de Saúde de MG informou que as vacinas foram distribuídas e entregues aos municípios dentro do prazo e com prazo de administração anterior à data de vencimento. O Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) também se manifestou. O órgão afirmou que os municípios brasileiros não aplicam vacinas com prazo de validade expirado e, embora, o Ministério da Saúde tenha envidado esforços contínuos para aprimorar o sistema de informação adotado para registro das doses aplicadas, ainda temos fragilidades que necessitam ser superadas. (veja as íntegras das notas no fim da reportagem).
Os dados, aos quais o G1 também teve acesso, foram publicados pelo jornal “Folha de São Paulo” e indicam que o problema ocorreu com doses de oito lotes da vacina. As cidades das 3 regiões citadas no levantamento são as seguintes:
O Ministério da Saúde disse que todas as doses são enviadas dentro do prazo e que, caso aplicações fora do período ocorram, é preciso passar por uma nova aplicação “respeitando um intervalo de 28 dias entre as doses”.
A pasta ainda afirma que “caso alguma vacina seja administrada após o vencimento, essa dose não deverá ser considerada válida, sendo recomendado um novo ciclo vacinal, respeitando um intervalo de 28 dias entre as doses”. Além disso, ainda segundo a pasta, “o vacinado deverá ser acompanhado pela Secretaria de Saúde local”.
O lote da vacina é uma informação que deve constar no comprovante de aplicação.
De acordo com Sabine Righetti, uma das autoras do levantamento, as informações são do DataSUs e da Sala de Apoio à Gestão Estratégica (SAGE). A equipe analisou a data de vencimento dos lotes de vacina que ainda estavam sendo ministrados no Brasil.
Primeiro, foram encontrados 8 lotes da AstraZeneca que já venceram. Depois, esse dados foram cruzados com as datas de aplicação informadas. Ainda, de acordo com a pesquisadora e jornalista, esses são os únicos lotes que já passaram da validade no país.
“A Secretaria Municipal de Saúde de Araxá informa que não foram utilizadas doses da vacina AstraZeneca vencidas durante a Campanha de Vacinação Contra a Covid-19. Um levantamento baseado no cruzamento de dados oficiais do Governo Federal aponta que 2 doses do imunizante (uma do lote 4120Z005 e outra do lote 4120Z001) teriam sido aplicadas fora da validade no município. O Setor de Imunização esclarece que os últimos vacinados com dose do lote 4120Z005 são trabalhadores de saúde que foram vacinados no dia 5 de março, quase 40 dias antes da data de validade da vacina marcada para o dia 14 de abril. Já os últimos pacientes imunizados com dose do lote 4120Z001, com vencimento no dia 29 de março, aconteceu no dia 17 do mesmo mês, 12 dias antes do prazo de validade, e também fazem parte do grupo prioritário de trabalhadores de saúde. O município ressalta que todas as pessoas imunizadas contra a Covid-19 na cidade receberam o imunizante dentro do prazo de validade. A equipe da Secretaria Municipal de Saúde realizou a conferência dos dados no SIPNI (Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização) nesta sexta-feira (2) após publicação da reportagem e verificou uma falha de lançamento em duas doses, erro de digitação do lote e do registro de data de aplicação do imunizante. As duas falhas de lançamento foram registradas em dois cartões de vacina do grupo de trabalhadores de saúde, um motorista de ambulância (erro no registro da data de aplicação do imunizante) e uma cuidadora de idosos (erro de digitação do lote). A Secretaria Municipal de Saúde entrou em contato com as pessoas e solicitou cópia dos cartões de vacina para verificação dos dados junto ao sistema. Com as falhas identificadas, o município realizará a notificação da ocorrência no sistema para correção dos dados”.
Em nota, a Prefeitura informou que “na segunda-feira verificar se realmente aconteceu”.
Em vídeo o prefeito Oscar Feldner de Barros Araújo (PSD) disse que nenhuma vacina foi aplicada vencia ou de forma irregular. Informou também que em conversa com a Superintendência Regional de Saúde recebeu a informação que o problema pode ter sido no lançamento dos dados no sistema.
A assessoria de imprensa da Prefeitura esclarece que “Essa questão dessas doses já foram conferidas há um tempo, foi erro de digitação, foram fichas que ficaram para serem digitadas e ao lançar o dia aplicação da vacina lançou o dia da digitação. No programa não tinha opção de correção ou exclusão, agora que passou por atualização que foi acrescentada a opção de editar a vacina para fazer as correções”.
“A Secretaria de Saúde de Frutal tem a esclarecer o seguinte: Duas das doses citadas na reportagem são as mesmas que haviam sido noticiadas em matérias divulgadas no dia 28 de abril deste ano pela imprensa. Na época, foi esclarecido pela Prefeitura de Frutal e Secretaria Municipal de Saúde que se tratava de um erro de digitação que não foi possível a correção no Sistema de informações do Programa Nacional de Imunização (SIPNI) do Ministério da Saúde. Já em relação às outras duas doses de vacinas supostamente vencidas que também são citadas na matéria, a Secretaria de Saúde informa se tratar da mesma falha ocorrida anteriormente no mês de abril. Sendo assim, a Secretaria de Saúde entrou em contato com a equipe responsável e foi informada de que não está sendo possível visualizar a falha porque o sistema do SIPNI não está gerando relatório em níveis municipal e estadual. Assim que o Relatório for gerado, o erro será devidamente corrigido. O Usuário que tiver dúvida basta conferir no Cartão de Vacina onde constam data da aplicação da dose e o vencimento da vacina. Além disso, ele poderá procurar a coordenação da Unidade Básica de Saúde mais próxima de sua residência para os devidos esclarecimentos”.
“A Prefeitura de Patos de Minas informa: os lotes enviados ao município informados na notícia são: 4120Z001, com vencimento em 29 de março de 2021, e 4120Z005, cujo prazo de validade era 14 de abril de 2021; as doses pertencentes ao lote 4120Z005 foram entregues em 30/1 e totalmente aplicadas nos primeiros 15 dias de fevereiro; o lote 4120Z001 foi recebido em 26/2, e a aplicação das vacinas foi encerrada na primeira quinzena de março; diante do exposto, é possível perceber que não foi realizada aplicação de vacinas fora do prazo de validade. Pode ter havido equívocos na digitação durante o lançamento dos dados de cada vacinado no sistema do SUS, e são questões que já estão sendo verificadas para correção; a Secretaria Municipal de Saúde ressalta que a organização da vacinação, desde o recebimento e acondicionamento das vacinas, conferência de lotes e datas de validade, é realizado de forma bastante criteriosa pelos profissionais envolvidos nesse processo; vale destacar ainda a importância de as pessoas imunizadas nos períodos informados ficarem tranquilas, verificarem a data da vacinação e de vencimento da vacina no cartão e, em caso de dúvidas, entrarem em contato com a Epidemiologia”.
Cartão de moradora de Patos de Minas mostra aplicação dentro da validade do lote 4120Z001 — Foto: Prefeitura de Patos de Minas/Divulgação
“Reportagem divulgada pela imprensa nacional aponta que doses de vacinas contra a Covid-19 vencidas foram aplicadas em diversas cidades brasileiras. Em Uberaba, apenas uma pessoa teria sido vacinada com o imunizante vencido. Em apuração, a Secretaria Municipal de Saúde constatou que não houve a aplicação de dose vencida na cidade, mas, sim, erro de lançamento do número do lote aplicado. Cada lote tem especificada a data de validade da vacina. Na reportagem veiculada, a moradora de Uberaba M.B.A. teria tomado a dose do lote 4120Z005 da AstraZeneca, vencido em 14 de abril. Porém, o lote do imunizante aplicado foi o 213VCD030Z, também da AstraZeneca, com vencimento ainda para setembro. Como os dados da vacinação são registrados no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações, fonte da reportagem, a Secretaria Municipal de Saúde, assim que constatou o erro, fez a correção do número do lote no sistema. Obs.: em relação aos demais lotes mencionados, não há vacinados”.
“A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informa que as vacinas recebidas do Ministério da Saúde foram distribuídas e entregues aos municípios mineiros dentro do prazo e com prazo de administração anterior à data de vencimento. A SES-MG realiza um rigoroso protocolo de conferência de todos os imunizantes antes de enviar para as 28 Unidades Regionais de Saúde. Este processo assegura o controle de temperatura, o acondicionamento das caixas de vacina, bem como a verificação dos prazos de validade. Para além deste processo, em cada remessa de vacina enviada aos municípios, uma nova Nota Informativa é emitida sobre o quantitativo de doses, especificidades, público-alvo e alerta quando o prazo de validade está próximo. A SES-MG orienta que os imunizantes sejam administrados dentro do prazo estabelecido pelo fabricante. Minas Gerais recebeu 3 dos 8 lotes citados pelo jornal Folha de S. Paulo. O lote 4120Z001, com vencimento em 29/03, foi distribuído às URSs em 26/02, 01/03 e 19/03. Já o lote 4120Z005, com vencimento 14/4, teve distribuição para as URSs no dia 12/03. Em 05/4, a SES-MG realizou a última distribuição do lote CTMAV506 que tinha o prazo de validade para 31/05. A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais está em contato com os municípios para conferir se as aplicações foram realizadas fora do prazo e registradas no Vacinômetro e no SI PNI, além de orientar as medidas que serão tomadas a partir do resultado desta análise”.
“Conasems informa e reafirma que os municípios brasileiros não aplicam vacinas com prazo de validade expirado. Embora o MS tenha envidado esforços contínuos para aprimorar o sistema de informação adotado para registro das doses aplicadas, ainda temos fragilidades que necessitam ser superadas. Temos insistido e cobrado sobre a fragilidade dos sistemas de informações do Ministério da Saúde, precariedade dos mesmos e a ineficiência para tomada de decisão. Os profissionais destacados pelos municípios para aplicação das vacinas, adotam as boas práticas de vacinação, que entre vários itens observados, os lotes são devidamente verificados quanto ao prazo de validade e existe triagem rigorosa nesse processo. Em relação a matéria sobre aplicação de vacinas com prazo de validade expirado em 1500 municípios brasileiros esclarecemos o seguinte.
No início da vacinação nos meses de janeiro e fevereiro o sistema de informações do PNI apresentava muita instabilidade, o que não permitia alimentação célere das doses aplicadas, com consequente atraso na digitação.
Além disso o tempo da digitação é muito maior que o tempo da vacinação, não é possível informar os dados em tempo real.
Data da digitação dos dados do vacinado não necessariamente corresponde ao dia efetivo de vacinação. Essa diferença chegou a 60 dias de diferença naquele momento.
Em locais de vacinação organizados para aumentar o acesso da população à vacina como drive thru, centros de vacinação, vacinação extramuros em algumas instituições (ILPI, penitenciárias, entre outros), os dados são inseridos no sistema de informação a posteriori.
Destacamos que o Brasil é um dos poucos países do mundo que tem registro individualizado e amplamente divulgado, com mais de 100 milhões de registros de doses aplicadas com várias varáveis individualizadas no sistema de informação adotado, mesmo com todos os problemas de conectividade e plataformas que temos.
Lembramos ainda que o número de doses de vacina para covid-19 adquiridas e distribuídas pelo MS, sempre foi muito aquém da necessidade para cumprirmos com o PNO, ou seja, na realidade assim que chegaram nos municípios foram imediatamente aplicadas, não havendo a possibilidade de expirar seu prazo de validade. Portanto,
Os municípios brasileiros priorizam o ato de vacinar e proteger a população e seguem firme no propósito de defesa do Sistema Único de Saúde – SUS”.
O G1 não obteve retorno das Prefeituras de Campos Altos, Delta, Santa Juliana e São Gotardo e não conseguiu contato com as Prefeituras de Brasilândia de Minas, Carneirinho, Gurinhatã, Ipiaçu, Iraí de Minas, Matutina, Planura, Santa Rosa da Serra, Santa Vitória e Tapira.
Fonte: G1